domingo, 18 de abril de 2010

Musa inspiradora do busto da República

O orgulho está patente na forma como um dos descendentes de Ilda Pulga, a “musa” que serviu de modelo para o primeiro busto da República, descreve a sua familiar, que supõe ter sido “uma mulher atrevida” para a época.
“Deverá ter sido uma mulher lindíssima, para o escultor a ir buscar para ser o seu modelo para o busto, o que me leva a pensar também que terá sido uma pessoa muito atrevida” para a época, afirma à agência Lusa Joaquim Pulga.Apesar de não ter conhecido Ilda Pulga, que faleceu em 1993, com 101 anos, o sobrinho bisneto da mulher que posou e inspirou o escultor que concebeu o busto da República encara esse facto como “um afago para o ego”. “Uma pessoa que, aos 18 ou 19 anos, serve de modelo a um escultor para busto da República deve ter evoluído de uma forma diferente do comum dos mortais”, presume, considerando que a sua familiar “terá sido uma mulher com uma vida cultural muito intensa”.

O interesse de Joaquim Pulga pelo assunto “nasceu” em 1993, depois de ler num jornal a notícia da morte da Ilda Pulga. Na altura, desconfiou, porque, segundo diz, “Pulgas em Portugal só há uma família”, que é a sua. “Ao ver no jornal Ilda Pulga, natural de Arraiolos, fui procurar, mas foi muito difícil, porque tinha de entrar nos arquivos da igreja”, conta, lembrando que “só a partir da implantação da República é que os assentos começaram a ser feitos no registo civil”.Joaquim Pulga ficou então a saber que “a senhora foi para Lisboa muito jovem, com os seus 10 a 13 anos”, e que “as fomes daquela altura”, no Alentejo, que “eram muito grandes”, terão motivado a sua mudança para a capital. “Deve ter ido para Lisboa à procura de uma vida melhor
Busto fica inalterado:
O busto da República foi aprovado oficialmente em 1911 mas a Comissão para as comemorações do centenário desvaloriza qualquer intenção em alterar a escultura, como ocorreu em França. Após a libertação de Paris, em 1944, durante a II Guerra Mundial, a Associação dos Autarcas Franceses decidiu mudar periodicamente o busto de "Mariana", adoptando como modelos artistas de cinema e da música francesas contemporâneas, sendo a manequim e actriz Laetitia Casta o modelo actual da escultura.
Em Portugal, a escultura não sofreu alterações e passado um século da Revolução de 5 de Outubro de 1910 a Comissão para as Comemorações do Centenário não prevê a modernização do símbolo. Também António Arnaut, antigo grão mestre do GOL, considera que alterar o busto da República seria deturpar os símbolos originais da República Portuguesa. "Os símbolos são representações perpétuas da ideia. Mudar o busto seria um absurdo. Uma profanação", disse António Arnaut à Lusa.Foi criada uma bandeira, um hino e um busto. Símbolos que não podem ser alterados sob pena de alterar os valores da República: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, herdados da Maçonaria".
Artigo publicado pela Lusa em 26 de Janeiro de 2010

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